quarta-feira, 22 de abril de 2015

3° Dia - Salar de Uyuni e Hotel de Sal

O dia amanheceu ensolarado, porém frio em Uyuni. Tomamos um bom café da manhã, e logo após saímos e trocamos uns poucos reais o que foi uma má escolha por dois motivos: O câmbio do dia estava péssimo e a tia responsável por nosso tour, afirmou que não precisaríamos de muito dinheiro e isso acarretou problemas, pois ficaríamos  quase 3 dias sem poder trocar dinheiro. Fomos ao comércio local compramos, água, biscoitos, (Daniel comprou um vinho e amendoim... estranho isso, não?), Red Bull (energizante) e um Whisky com um W grande no rótulo (no Chile aprendemos seu nome "dabôubí") por 40 Bol$... Sim, era horrível!
Esquecemos de comprar o Soroche e ele faria muita falta. Fomos amadores aquela altura do campeonato, faltou também manteiga de cacau para os lábios, ela é algo indispensável.Troquei 150 reais, os outros cambiaram algo em torno disso, e por fim, tem gente devendo real até hoje nesse empresta de cá e paga de lá. Cada um de nós levou uma "doleira", algo tipo uma pochete com compartimentos bem fina, presa ao corpo, para guardar documentos, dinheiro e pequenas coisas.

Dica: Ande seguro, tenha sempre a moeda local em mãos, poucos lugares aceitam dólar na hora que você mais precisa. Não tenha medo de perder grana nas casas de câmbio. Uma coisa é certa, você tomará prejuízo em algum momento, o câmbio oficial ou paralelo tem que lucrar em cima de alguém. Com o dólar  é mais garantido, mas o prejuízo já foi tomado lá atrás quando trocou seus reais pela moeda americanaSe voltasse hoje lá novamente, iria com dólar sem dúvida.


As 10h da manhã começaria nossa aventura verdadeira (ou perrengue em boa parte). Wilton foi até a agência e chegou no carro que comportava 7 pessoas, nos buscando na porta do hostel. Conhecemos o motorista, o Willi. Ele seria também nosso guia. Willi colocou nossas bagagens em cima do carro, combustível para os 3 dias, comida e água. Esses "autos" como eles chamam, são carros 4x4 da Toyota e devem aguentar o tranco nos terrenos acidentados do deserto, do salar e dos vilarejos por onde passamos. 

Partimos enfim para o salar! A primeira parada prevista é bem perto do centro da cidade. No meio do caminho tivemos que retornar à agencia para pagar uma taxa de 12 Bol$, que até hoje não sei do que se trata, com a promessa de que não pagaríamos mais nada, nadica de nada...


Chegamos ao Cemitério de Trens e Willi nos explicou toda a história do local e nos lembrou que teríamos 45 minutos para tomar fotos. 
Aquele cenário é algo indescritível, sempre falei que se tivesse uma banda de rock, lá seriam tiradas as fotos para o álbum.
Começava ali uma série de dancinhas malucas que vi no youtube, de uns mochileiros que por lá estiveram. A dança consistia em fazer doideiras em cada local marcante da viagem, se mexer loucamente, usar e abusar da criatividade e assim que editássemos colocaríamos uma música de nosso gosto (as danças eram gravadas sem som algum). Revirei na net e não achei o vídeo com a ideia original dos que fizeram a dança, com uma mescla de músicas de Jorge Benjor na voz do Sambô. Se alguém encontrar, poste o link aqui nos coments, no meu face, ou email. Sempre vou lembrar que a ideia foram deles e também quero parabenizá-los por tornar nossa viagem mais alegre ao repeti-los. Pedíamos sempre um turista para filmar a paisagem vazia, depois entrávamos "dançando", saíamos e a paisagem continuava vazia por alguns segundos. Ao final dos relatos posto o vídeo completo. Tá bom. Pros curiosos deixo o link  do vídeo aqui.
https://youtu.be/9-m9VTk1db8






Uma hora depois, num sol infernal, (do protetor solar não esquecemos) nosso guia apareceu e seguimos para o vilarejo de Colchani, que conta com museus, comércios locais, e uma fábrica de sal artesanal. Compras, fotos e mais fotos depois, já era a hora de almoçarmos. Foi razoável o almoço eu diria, dietas foram embora, pois os almoços e jantas eram sempre regados a refrigerantes (gaseosas). Turistas de dois outros carros que estavam nos acompanhando, almoçaram juntamente conosco, descobrimos ali que estávamos em comboio. Faltou então salmão desfiado para todos. Tiveram que fazer um pouco mais o que atrasou o regresso. Encontramos cerveja Brahma lata no local de almoço e mesmo quente, tomamos só pra relembrar do Brasil. 

Seguindo a viagem, sacamos fotos nos Montões de Sal, nas células de sal ou hexágonos, no monumento/símbolo do Rali Dakar de uns 5 metros de altura, feito com blocos grandes de sal e num local onde ficam as bandeiras de vários países. Fábio deixou sua doleira cair lá em cima do monumento, ela estava ao lado de um buraco imenso e se tivesse caído nele, jamais saberíamos onde procurá-la, e por sorte, muita sorte,  Wilton viu, perguntou-lhe sobre sua doleira (Fabio olhou para a cintura e pensou: f*deu) e lhe entregou. As fotos naquele local foram épicas. O salar de Uyuni é marcante. Katie afirma que foi a melhor parte do passeio.



Um dos atrativos do Salar é saltar e tirar fotos como se estivesse no ar, segurar o colega na palma da mão, beijar o sol e etc... Tentamos. Outro ato que não foi possível, seria tirar fotos que refletissem na água, mas não chovia naquela região há tempos, mesmo sendo a época das chuvas. Restava ainda tirar fotos com os dinossauros de brinquedo que os guias sempre levam. Esse passo ficou para a Isla del Pescado ou Ilha de Incahuasi. Andamos um bom tempo até chegar lá e o motivo desse nome (pescado) pudemos ver ao avistá-la de longe. Ela com muito boa vontade, lembra sim um peixe. 
O fato de ficarmos sempre por último e chegarmos atrasados, chateou o grupo, o clima não era dos melhores pois o cansaço batia também. Não quisemos pagar uma quantia para visitar a Ilha pela frente onde tem lindos cactos históricos de até 12 metros e umas informações sobre corais e conchas da época que aquele local fora oceano tempos atrás, e põe tempo nisso!
Fomos até a parte de trás da ilha e tiramos fotos com cactos. Depois partimos para as fotos de efeito, com biscoito, lata de feijoada, dinossauros, pacote de amendoim. Isso requer habilidade e experiência, algumas fotos até ficaram boas mas a maioria foram pra lixeira. Você tinha que deitar no chão, procurar o foco, e ser criativo. Alguns guias tem essas técnicas e fazem isso para os turistas, não era o nosso caso. Novamente fizemos mais uma parte da dancinha. Durava de 10 a 15 segundos apenas cada performance, isso era o bastante para ficarmos exaustos com os efeitos da altitude sobre nossos nossos corpos. Após mais um chá de espera o comboio partiu para nossa hospedagem noturna em um hotel de sal. Eu já sabia que quem chega tarde pega os piores lugares, isso se conseguir pegá-los. E foi batata! Começamos a rodar procurando hospedagem, que teoricamente já estaria pré-agendada
Willie nos levou para uma hospedagem bem legal por dentro, mas ali não era o nosso, era o de outras pessoas. Isso daria problema mais a frente. Ficamos em dois quartos com 7 camas, sendo duas separadas, colocamos as mochilas ao lado das camas e aguardamos a janta. A "família" não tinha outra coisa a fazer, senão conversar. Não havia internet, celular só servia pra ver a hora. Começamos ali um Big Brother, brincamos de eliminar um da equipe, apontando os motivos. O papo era sempre clichê, do tipo: Eu não tenho nada contra a pessoa, mas por afinidade e coisas do tipo, vou mandar para o paredão. Katie me eliminou só porque eu constantemente limpava o nariz digamos, de um modo não muito convencional. Àquela altura estávamos todos com os narizes sangrando (nada pra se alarmar, faz parte) devido ao clima seco e frio e com os lábios muito rachados. Rimos e lembramos dos micos, experiências e sempre aguardando pelo novo. E por falar em novo, Weberti, um jovem estudante de engenharia, com 19 anos realizava ali algo que só consegui após minha independência financeira. Conhecer a cultura andina, viajar três países numa tacada só em 16 dias. Que rapaz de sorte!
O banho noturno custava 10 Bol$, o frio era de doer os ossos. Uns poucos do grupo tomaram banho. Eu não tomei. Parabéns pra quem o fez. Era preciso cautela com aquela temperatura quase negativa. se 10 ali tomaram banho foi muito. 
Sentamos à mesa e a entrada foi uma sopa água temperada, mas estava quentinha. O prato principal foi sopa de pollo (frango) desfiado, com macarrão e pães de acompanhamento. 
Após a janta interagimos com um grupo de brasileiros que hospedou-se conosco e alguns mochileiros de nacionalidades diferentes como: Russos, portugueses, alemães entre outros. Um casal de brazucas de Belo Horizonte-MG, gente boníssima, levou seu violão e demos uma arranhada, Leonardo seu nome. O apelidamos de "bicho grilo mineiro".
Havia um grupo de peruanas da capital Lima, que conhecemos e trocamos relatos, eram: Vanessa Merino, Carolina Mendoza, Fiorella Chávez, Yohanna Narvaez, Joselina Leyva e Alejandra Farfán. Elas iriam até a divisa com o Chile no Atacama e voltariam seguindo para La Paz. Essas chicas aprenderam um pouco de nossa cultura, estavam sempre perguntando sobre o Brasil (carnaval e Rio de Janeiro). Para os gringos nosso estado é desconhecido e a referência era cerca (perto, próximo) ao Rio de Janeiro.Também tiramos algumas dúvidas sobre o Peru, (Nasca,  Cusco e Machu Picchu) onde passaríamos alguns dias também. Gravamos mais um trecho da dancinha, tocamos algumas músicas, "gastamos" o español após duas doses de wisky com energizante. Pero que sí, pero que no, pero que mucho... Bebemos o vinho de Daniel que ele nem viu. Foi uma das melhores noites, simplesmente pelo fato de não haver internet, onde o diálogo que era o que restava (embora deva ser o foco), foi primordial para nos conhecermos e lidarmos com culturas e idiomas diferentes.
Cada grupo que conhecíamos, convidávamos para vir ao Brasil. O carnaval se aproximava, e se todos que convidamos realmente viessem, a casa de Wilton viraria um albergue e Marataízes receberia a maior visita de estrangeiros de toda sua história. Do motorista ao cozinheiro, passando pelos mochileiros diversos que dialogávamos. Tratou Wilton bem, interagiu. Pronto. Já estava convidado à nossa terrinha! O convite continua aberto. Despues, partiu cama. O dia seguinte seria longo.


 







  





































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