Cinco horas da madrugada do dia 04 de Janeiro, todos de pé, mochila arrumada, tomamos nosso café da manhã nos despedimos de todos e esperamos por Willi para mais um dia no deserto. Tiramos algumas fotos à frente de nossa hospedagem onde o sol surgia detrás de um rochedo enquanto ao longe víamos vários automóveis seguindo pelo salar.
A ansiedade era grande e queríamos matar nosso motorista que demorava muito. Ganhamos a estrada por um bom tempo, pedimos ao guia para colocar nossas músicas pois a dele já estava dando sono na gente, suas canções eram aqueles sons andinos de flautas de bambu. Na paisagem observamos muita alpacas e vicunhas e dentro de poucas horas chegamos ao vilarejo de San Juan. Foi uma parada até rápida, onde encontramos uns brazucas do Paraná e tiramos uma foto com a bandeira brasileira, contamos experiências até ali e roteiros futuros de cada um. Tiramos também algumas fotos em uns belos cactos e enfim comprei a bendita manteiga de cacau. Nossos lábios estavam "destruídos"! Mais uma garrafa de wisky "Daboubí" foi adquirida, conversamos com o bicho grilo Leonardo e descobrimos que ele fez o mesmo trajeto que nós, porém de ônibus, de Sta Cruz de la Sierra a Sucre. Ele dispunha de mais tempo e retornaria da fronteira com o Chile, seguindo para La Paz. Seu objetivo era ver a posse do presidente boliviano Evo Morales que seria no dia 22 de Janeiro de 2015.
San Juan- Vilarejo |
Fotografamos nossos pratos e Wilton observou algo que marcaria e renderia a principal história da viagem. Os motoristas estavam enchendo a cara de bebida. O nosso era o mais cauteloso eu diria, só deu uma bicada e não gostou. Começava ali uma série de visitas a lagos e lagunas. Perdi as contas, mas foram muitas e obviamente nos fartamos nos registros fotográficos. Laguna Blanca, Laguna das Ondas, Laguna Cinza, a que me interessava era a Laguna Vermelha que ficou para o fim do dia.
Laguna Vermelha |
Foi quando Willi nos disse que para entrar na Reserva da Fauna Andina teríamos que pagar 150 Bol$ (uns 70 reais). Estava criado ali o pior clima da viagem. A tia da agência que nos vendeu o pacote com 3 dias, nos omitiu essa informação (outros grupos nos disseram que foram informados desse valor) e nos negamos num primeiro momento a pagar, não era o ideal voltar dali, só restou a alternativa de pagar, a muito contra gosto é claro. Assinamos uns papéis, mostramos nossos documentos e recebemos um ticket da Reserva Nacional da Fauna Andina. Aquele local era certo de fazer a dancinha, ir lá na sua margem ver os flamingos rosados, ninguém quis, o clima estava tenso. Sabendo da importância e beleza do local eu mais uns poucos tiramos algumas fotos. Seguimos então para a Árvore de Pedra que localiza-se no deserto de Siloli. Amigos nem a neve que pegamos no dia seguinte foi tão frio e doído quanto ali. Estávamos sem Soroche para a altitude, mascar folha de coca pouco resolvia e muitos sentiam os efeitos da altitude. Dos três veículos, somente nós descemos para fazer a dancinha e outros dois do outro carro. O vento ali era muito frio e forte, nossas roupas não eram apropriadas (ali tem que estar usando um bom "corta vento" de tactel), por outro lado aquela rocha é gigantesca e marcante, mereciam todas as fotos possíveis. Gravamos a dancinha com a ajuda de um russo muito gente boa e chegamos exauridos, acabados dentro do carro. A pele doía, a minha cabeça parecia querer explodir, Weberti estava branco (tomem o Soroche não se esqueçam!), foi punk mas superamos, alguns minutos depois melhorei. A noite já estava se aproximando, a temperatura caiu absurdamente e viria a saga por buscas de locais para dormir. Com muito custo, encontramos um local, e acreditem, só haviam 6 camas para 12 pessoas, mais discussão... Outro momento tenso, fiquei nervoso, discuti com Marcela que com razão afirmava que havíamos pago e não deveríamos passar por aquilo. Eu tentava fazer a política da boa vizinhança, acalmar a situação até que estourei. Peguei o dinheiro referente a hospedagem e dei a ela, num sinal de que se o problema era a grana, ela estava reembolsada. Não resolveria discutir ali, só pioraria a situação, ela não aceitou falou que dinheiro não estava em questão. Foi tenso gente. Os ânimos foram se acalmando e concordamos em dormir 2 pessoas em uma cama de solteiro. Só foi possível esse acordo porque o brasileiro é muito maleável, os bolivianos sabendo disso aproveitaram-se de nossa nobreza, teve uma paulista que quebrou o pau e não aceitou a situação, dormindo sozinha numa cama em outro quarto, alegando não ter dormido direito na noite anterior por conta de uns brasileiros que ficaram até tarde de papo, música e etc, atrapalhando o sono alheio. Imagine um quarto com 6 camas mais as mochilas e 12 pessoas. Foram muitas piadas sobre a situação mas não teve outro jeito.
Wilton desmaiou de sono e cansaço e não quis saber de janta, novamente não rolou banho... O frio era congelante. Jantamos, contamos histórias e conhecemos um italiano e uma espanhola foi um papo bem agradável. Muita gente dormiu cedo, antes das 23:00h. Estava muito, muito frio. Terminava ali mais um dia, o mais tenso de todos. Seria a história mais contada sempre que alguém falava em perrengue. Mas muita coisa boa estava por vir.
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Árvore de Pedra |
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