segunda-feira, 20 de abril de 2015

Mochilão 2015 - Bolívia, Chile e Peru - 1° e 2° Dia

Como relatado no post anterior, em 2012 eu tive a oportunidade de ir à Bolívia para assistir uma partida de futebol pela Libertadores da América. Em 2013 eu e Fábio Xavier fomos ao Peru e Bolívia por 10 dias, dessa vez seriam 16 dias com o Chile incluso. Vamos nessa?!

1° DIA Sta Cruz e Sucre

    Na madrugada do dia 01 de Janeiro de 2015 uma quinta-feira, começava o Mochilão dos Capixabas. Isso mesmo, não curtimos a virada não, pois as 03:30h da manhã pegamos 120 km de estrada desde nossa cidade Marataízes até a capital do ES, onde apenas uma integrante a Marcela Pazetto reside. Nosso voo saiu do Aeroporto de Vitória as 8:00h da manhã, sete mochileiros sendo cinco de primeira viagem rumo aos Andes. Pensem na expectativa... Tínhamos um roteiro definido com base nas experiências passadas minha e do Fabio, dicas dos Mochileiros e principalmente nas do meu amigo Mauro Brandão de Londrina-PR que comanda um site excepcional, onde contou sua experiência nos 34 dias que esteve na estrada.
Daniel, Wilton, Weberti, Katie, Fabio, Cj e Marcela
Após uma escala em Guarulhos-SP, embarcamos as 10 da manhã rumo à Bolívia, duas horas e meia depois, desembarcamos no Aeroporto Viru-Viru em Santa Cruz de La Sierra (VVI). Para alguns já era algo ímpar tudo aquilo. Voar de avião, viagem internacional, língua, fuso diferente (2 horas a menos), cultura inca, etc... Fábio e eu éramos um pouco mais "experientes" (em certas ocasiões isso não quer dizer nada) e  foi de alguma valia. Dos sete eu arranhava um pouco do español/portunhol e fazia as vezes de tradutor, Fábio manjava do inglês e isso ajudava também. 

O primeiro drama foi acerca das bagagens. Na Bolívia teoricamente é proibida a entrada de frutas e sementes. Eu estava com um arsenal de castanha de caju e do Pará, amendoim, azeitona e 4 cabeças de alho... Medo de vampiro? Nada disso, lá não tem nosso temperinho. Os guardas olhavam bagagem por bagagem, abriam malas e mochilas de outros "bichos grilos" como a gente e foi chegando nossa vez. Suspense no ar... Quando começaram a ter que abrir os mochilões, eles desanimaram e só passavam pelo raio-x, depois mandavam a gente seguir. Se daria algum problema não sei, mas dentro do voo uma comissária disse que no Chile uma mulher pagou uma multa de alguns dólares por estar com uma pera na sua bagagem. No meu caso, teria que deixar um rim acredito...
Passado esse episódio, partimos para o balcão da cia BOA (Boliviana de Aviación) e para evitar taxas altas de cartões de crédito com o dólar alto, compramos a vista o voo da volta do penúltimo dia, previsto para 15 de Janeiro (custou uns R$ 200 aproximadamente La Paz-VVI por pessoa). 
O próximo passo era chegar a Sucre, que de buzão leva em média 16 horas, de avião 30 minutos apenas (preço R$110 antecipado pela BOA). Se o roteiro estiver apertado como o nosso, use aeroportos e conseguirá percorrer mais cidades, desde que compre com antecedência ou tenha grana sobrando. O primeiro vacilo foi trocar nossos reais no Aeroporto de Sta Cruz, pegamos um câmbio péssimo de R$1 por 2,22 Bolivianos. No câmbio de rua no centro de Sta Cruz encontrava-se a 2.50 Bol$ em média. A conta pra facilitar era, a cada um real, 2 bolivianos.

Eu, Katie Machado e Marcela tínhamos um voo programado para Sucre as 14h pela BOA. Fábio, Wilton Nunes, Weberti Macedo e Daniel Silva (um tiozinho de 62 anos de idade com disposição de um garoto de 20) iriam num voo da cia Amaszonas as 16h (Preço R$160). No meu voo havia uma escala em Cochabamba, Katie passou mal de tanto entra e sai em avião, (até ali já eram 4 pra quem nunca havia voado) mas resistiu bravamente. As 16:30h chegamos e nos reencontramos no saguão. Tomamos dois táxis de 20 Bol$ a corrida e descemos em frente ao Mercado Central de Sucre e após nos dividirmos encontramos um hostel de 30 bolivianos sem WiFi e sem café da manhã, mas com água quente e boas instalações. Fizemos o check in, guardamos as mochilas, tomamos banho, descansamos e fomos rodar um pouco antes de sairmos oficialmente a noite. O clima frio e de altitude de Sucre no alto de seus 2.810 metros, é uma marca daquela bela cidade, que apesar de poucos saberem, é a capital da Bolívia (La Paz é a sede do governo Boliviano). Seu estilo com ruas estreitas, prédios históricos e a alcunha de patrimônio mundial da Unesco me lembram muito a cidade brazuca de Ouro Preto-MG. Que cidade aconchegante! Marcela me inventa de ficar gripada e com as vias congestionadas logo no primeiro dia. Tomou um quilo de remédios mas não resolveu muito.

Chegada a noite procuramos onde comer e a opção mais barata e que matasse a fome efetivamente foi o pollo (frango) frito estilo KFC, mas na cozinha boliviana.... Tomamos o guaraná de papaya Salvieti, aquilo era um verde/amarelado tipo a cor do cloro, e o gosto de mamão passava loooonge... Por ser feriado vários restaurantes, boates e locais bem comuns de se frequentar a noite estavam fechados. A praça Plaza de Armas de Sucre estava enfeitada com luzes natalinas e haviam uns jovens dançando brake. Quase me arrisquei só pra pagar mico mesmo, mas meu pé inchado de uma operação de tendão em Julho passado não me permitiria tal façanha. Fomos ao BiblioCafé um dos poucos estabelecimentos abertos que é um bar estilo Pub inglês, muito legal por sinal, conhecemos vários gringos e começamos a "gastar" nosso portunhol. Não me recordo a partir de qual momento Wilton se agradou das seguintes palavras: "Pero que sí, pero que no, pero que mucho". Isso foi a viagem toda leitores. Em cada parada, bêbado ou sóbrio, no café da manhã ou na janta. Pero que sí, pero que no, pero que mucho...
Durante a noite mudamos o planejamento do dia seguinte que era visitar o Parque Cretáceo (local com pegadas de dinossauros fossilizadas por exemplo) pra não chegarmos tarde da noite em Potosí. Isso requer um dia tranquilo de passeio, fica pra próxima. Outro local a ser visitado em Sucre é a Feira de Tarabuco que só funciona aos domingos, ótima opção para um tour.


2° DIA- Potosí e Uyuni

Como estávamos hospedados em frente ao Mercado Central de Sucre, foi só atravessar a rua e nos deparamos com aquela pluralidade de cores, gritos e pessoas nos oferecendo suas cartas de Desayuno (desjejum, vulgo café da manhã). Desjejuamos, tomei um suco de laranja já que não curto muito café, tiramos várias fotos e em seguida demos uma volta no quarteirão para comprar Soroche o remédio para altitude, achamos um câmbio melhor que o do aeroporto (2.43 Bol$) e trocamos alguns reais também. 
 



Dica: Compre o máximo de Soroche que puderem, pois o idiota aqui pediu apenas uma cartela com 10 unidades que nem se fosse só pra mim resolveria (uma vez que deve-se tomar um a cada 8 horas, ou seja, 3 por dia) e fomos deixando pra depois ao longo da viagem e isso fez uma falta tremenda.

O objetivo era não chegar a noite em Uyuni em hipótese alguma, já passei por isso e não recomendo a ninguém. Fizemos o check out no albergue e fomos à rodoviária de táxi. Eram 11h da manhã aproximadamente quando chegamos no terminal. Só havia passagem  para Potosí as 2h da tarde, custava 20 Bol$. Existem vans e táxis fora do terminal que cobram 40 Bol$ em média por pessoa, e ficou por isso mesmo, pagamos bem mais caro mas ganhamos tempo. 

Dica: Assim que chegar em Sucre tome um táxi e compre antecipadamente as passagens, bem como nas outras cidades. Só compre em cima da hora se não houver um planejamento mínimo, o famoso "decidi agora pra onde vou". Isso pode atrapalhar a viagem e lhe obrigar a gastar uma grana fora do orçamento previsto.

Partiu Potosí...
Nos despedimos de Sucre e partimos em dois táxis rumo a Potosí, durante a subida o taxista tentou nos passar a perna dizendo não ter ônibus até Uyuni as 14h, somente as 16h e que ficaríamos longe do terminal rodoviário, não caímos na dele... ainda bem pois o corno tava cobrando 120 Bol$ a corrida até Uyuni. 

Sobre Potosí
Fora a altitude imensa de 4.000 metros, incomparável com a de Sucre, Potosí tem também uma rota mochileira. Pra quem tem tempo, dizem que é interessante a visita às Minas de Prata entre outras diversas opções. Ali só não é indicado para as equipes brasileiras disputarem partidas de futebol, aquilo é desumano. Cada passo deve ser lento e a respiração controlada senão o peito "queima". Imaginem gripada igual Marcela estava. Não tenho boas recordações de Potosí, em 2012 o meu time perdeu pra altitude e em 2013 meu cartão de crédito ficou retido num caixa eletrônico. Voltemos ao mochilão.
Chegamos no horário previsto e assim que desembarcamos estávamos na parte de trás da rodoviária, descemos uma escada, procuramos em várias agências e encontramos saindo em 10 minutos um buzão para Uyuni (20 Bol$ cada). Compramos também água e alguns biscoitos que juntamente com meus salaminhos, amendoim e castanha foi o nosso almoço. Correria de cá, desinformação acerca de lugares de lá, enrolação pra guardar a bagagem acolá (na Bolívia gente, é tudo muito desorganizado parem de reclamar do Brasil) e enfim embarcamos. Ufa!
Não, não dava pra exigir conforto no ônibus por 20 bolivianos, foram 4 horas apertadas e um do grupo foi em pé, as vezes revezávamos, brincávamos com os gringos lhes oferecíamos castanha do Pará e de caju, comemos um queijo deles, Daniel aquele fanfarrão sacou um pacote de biscoito Club Social deixando a gente com mais sede ainda...Enfim, isso amenizou um pouco aquela viagem espremida. E por fim amigos, foi lindo ver ao longe a bela cidadezinha de Uyuni aparecendo para nosso deleite. Isso eram aproximadamente umas 18:30h e estava bem claro ainda.
Entardecer de Uyuni

 Assim que descemos do ônibus, fomos abordados por alguns vendedores de passeios turísticos com diversos preços, que variavam de 800 a 1.200 Bol$ o pacote de 3 dias. Uma senhora de uma empresa que infelizmente não anotamos o nome nos ofereceu o tour por 750 Bol$ com hostel incluso. Era de se desconfiar o preço tão baixo, esse era o valor que nos cobraram em 2013 com o Real valorizadíssimo... Começava ali o perrengue, que independente de preço é uma incógnita (conhecemos um casal de brasileiros que pagou 1.200 Bol$ e ficaram 2 dias sem suas mochilas). Fomos os sete na agência que eles chamam de "oficina" e fechamos o pacote, seguimos para o albergue que enfim contava com internet Wifi (como citou Wilton, acabava ali o diálogo da família) e ninguém queria saber de nada, só de entrar em contato com a família e amigos no Brasil, estávamos há quase dois dias sem contato com as redes, isso já tava dando crise de abstinência em muitos. Uma brasileirada de MG, PR, e SP também se hospedou no mesmo albergue e trocamos algumas idéias, foi bom novamente ouvir o português tupiniquim. 
Estava bem frio uns 7 °C, tomamos aquele banho quente, nos arrumamos e procuramos um local para a janta, estávamos a base de petiscos desde o café da manhã e a fome era grande, novamente procuramos os melhores preços e repentinamente Wilton teve um ataque de pelanca dizendo que não conseguiria fazer nada se não comesse algo. Foi tenso, ficamos apreensivos rolou um climinha estranho, mas não se deve levar a sério o que ele fala. Pedimos a maioria pratos típicos como o Pique Macho prato feito com arroz e batata frita (do jeito deles), cebola, pimentão, tomate e carne picada), Chuleta de Res (bisteca de boi na chapa) e a Katie pediu um Pollo a la Plancha (frango empanado). O preço médio era de 25 Bol$ o prato e uma Coca-Cola 2L custava uns 10 Bol$.

Wilton voltou ao normal e desculpou-se do chilique que havia dado, foi uma comédia aquela janta. A temperatura caiu ainda mais pra tristeza da gripada e demos uma volta a noite pela cidade.Tem um bar chamado Pub X-Treme Drinks, fica no segundo andar na avenida principal de Uyuni. Nas paredes tem centenas, talvez milhares de fotos de pessoas com fotos de bunda lelê. Bem legalzinho o local, acredito que pessoas cheias de álcool na cabeça tiram aquelas fotos como lembrança do lugar... Rolou uma cerveja Huari também pra conhecermos, mas lá é tudo muito caro em se tratando de cerveja, 18 Bol$ uma long neck. Enfim fomos dormir ansiosos pelo inicio de verdade da mochilada, que seriam os 3 dias no deserto de sal, o famoso Salar de Uyuni.... ZzZZzZzzzZZzZzZZZ









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